Coletiva Olhavê

Exposição coletiva fruto do grupo de estudos de edição e projeto fotográfico ministrado pelo editor Alexandre.

“Nem sempre o projeto está finalizado, de certa maneira são sinais para adiante, são estudos, formas a se alinhar para a construção poética de cada autor. Estão todos aqui, soprando o mar para avistar o vento. Se pondo firmes, cada qual em seu desejo mais íntimo e íntegro, a buscar nuances narrativas desde linhas de pesquisas, conceitos, enunciados e inclinações estéticas das mais diversas. Todos aqui, se colocam nesse lugar que ajuda a expandir a metafísica do olhar e da alma, o qual do horizonte vê-se o mar.”, palavras da curadora Georgia Quintas.

André Conti [1972]
Vertentes
O ensaio pesquisa a memória afetiva de um lugar: questões sobre territorialidade, passagem do tempo e o enigma deixado pelos acontecimentos. Desejo de “guardar”, expressar o mistério, a vibração e o encanto que recobrem os lugares, as coisas. Imagens captadas com um tempo de exposição longo e somente durante noites de lua cheia, e espaços desertos.

Gabriela Oliveira [1961]
1978
Em 1978 vim para São Paulo cursar o colegial no IADÊ [Instituo de Artes e Decoração] onde uma das matérias era Fotografia com o fotógrafo Antônio Saggese. O ensaio fotográfico 1978 foi a semente de tudo que tracei em seguida, inclusive na Faculdade de Artes Plásticas [FAAP]. Sempre fui interessada em reter e deter o tempo, registrando o que se passava ao meu redor, um apelo da memória : fixar a imagem que magicamente se revelava sob a luz vermelha. Estas fotografias captadas de forma intuitiva, ainda hoje possuem uma carga emocional, base de todo o meu trabalho. Hoje, ao ver o ensaio, acumulado de camadas deste intervalo de quase quatro décadas, continua me despertando sensações, memórias e frustrações do vivido. 

Jane Paris [1975]
Sonhos ficaram guardados
Momentos de fuga de um mundo corriqueiro, automatizado. Momentos de reflexão, inquietação e vontade de enfrentar novos desafios, descobrir novos caminhos. Muitos sonhos ficaram guardados, muitas vezes as teias os encobriram e os momentos passaram, mas outros sonhos nasceram, outros caminhos se abriram.

Katia Kuwabara [1970]
Gaia
Fiz estas imagens durante dias de muita luz e suspensão… Atravessei uma ponte invisível e transitei através de grãos de um universo azul. Um sopro de vento conduz a flutuar sem fronteiras, alcançando uma paisagem mental íntima e, também universal. Encontrei ideogramas trazendo rastros de nós, pó de estrelas. Entendi que traduziam o todo, de tudo. Fotografei o fora, encontrei o dentro. O tempo dilatado sob forma de fenômenos.

Ligia Jardim [1975]
Entremeninas
Me reconheço no devir da adolescência, esse ponto crítico ou talvez crucial de transformação, por onde já passei. Me encanta ficar ali, observando essas relações de amizade, ouvindo seus diálogos, por vezes carregados de uma intensidade passional e em outros momentos preenchidos por silêncio, onde olhares transitam entre sonhos e incertezas.

Montserrat Baches [ 1954]
Bordecorex
Quisera que a memória dessa família e desta cidade fossem igualmente fortes para mim. Mas quando tento aproximar as duas, vejo que a única similaridade entre elas são as pedras e suas asperezas, presentes tanto na família quanto na cidade. Portanto, procuro entre as pedras o verdadeiro sentimento do existir. Não o encontro.

Paula Pedrosa [ 1978]
Diorama
Realizei o ensaio Diorama no Aquário São Paulo. Minha busca foi pela apropriação e confinamento da natureza pelo homem, mesclando o natural e o artificial de maneira tão intrínseca que geram paisagens, as quais incomodam pelo grau de realidade. Um limbo desconcertante entre a possibilidade do simulacro e a atestação vã da paisagem idílica plastificada.

Pedro Chavedar [1989]
Insustentável
A sociedade está derramada, moída, consumida, esgotada. A extenuante tristeza de viver deixa o ser humano sem rosto e sem gosto. O cansaço consome as mentes e os corpos, tirando toda a Humanidade e a dignidade. Busco o marginal, o largado, o aflito, para mostrar o quão degradado o mundo está. Assim como, o quanto a cidade e os corpos se misturam e formam uma massa só. 

Sônia Júlio [1948]
Ventre
Com a morte da minha mãe em 2013, tornou-se possível conhecer e desvendar todos os espaços da casa que eram unicamente “dominados” por ela. Venho revisitando desde então este refúgio, e tendo contato com todos os seus pertences. Com acesso às chaves, aos segredos de sentimento de invasão se instalando, juntamente com a saudade do que não vivi.

Thays Bittar [1990]
Casa branca
Entre as muitas henranças do passado escravocrata do nosso país, e que ainda fazem parte do cenário urbano, a “entrada de serviço” em prédios e apartamentos é uma das maiores traduções da segregação de pessoas. A classe social também reflete na questão arquitetônica, e permanece enraizada em nossa cultura de tal maneira que nunca a contestamos. Limitamos os espaços de acordo com a hierarquia. Uma separação que nos leva para o mesmo local.


Período: de 29 de novembro de 2016 a 21 de janeiro de 2017
Visitação: de terça a sexta das 14h às 19h, sábado das 12h às 17h
Endereço: Rua Aspicuelta, 145, Vila Madalena. São Paulo, SP
Informações: contato@docgaleria.com.br | 11 2592.7922