Evento acontece no bairro da Vila Madalena com programação gratuita
De 03 de julho a 04 de agosto, a Vila Madalena, em São Paulo, será ocupada pela Mostra SP de Fotografia. Em sua nona edição, a Mostra entra em uma nova etapa ao escolher uma causa como fio condutor para as vinte e sete exposições e ciclo de conversas que vão acontecer durante um mês, em vários pontos do bairro mais artsy da cidade. Com curadoria assinada pelas fotógrafas Ivana Debértolis e Mônica Maia e pelo idealizador do projeto, Fernando Costa Netto (DOC Galeria), a Mostra SP de Fotografia terá o Plástico como tema.
Apresentadas em galerias, lojas, restaurantes, escritórios de arte e muros autorizados, as exposições, escolhidas a partir de uma convocatória e de uma extensa pesquisa dos curadores, buscam chamar a atenção do público sobre o impacto negativo que o plástico tem causado ao meio ambiente. A participação da jornalista ambiental Paulina Chamorro como curadora especial do Ciclo de Conversas, que faz parte da programação paralela da Mostra, é um dos destaques desta edição, que terá o apoio institucional da Mares Limpos / ONU Meio Ambiente, da WWF, do Ecosurf, da FAS – Fundação Amazonas Sustentável, da Liga das Mulheres pelos Oceanos e da Grin.
“As cidades e seus moradores estão conectados com o problema da poluição plástica nos oceanos e rios. Mais de 80% do lixo que encontramos nesses ambientes tem origem terrestre. Novas forma de consumo, novas formas de cobranças de soluções e novas abordagens, mais convidativas, são essenciais para encarar o problema da poluição plástica hoje. Com esta mostra e com as mesas de discussão e ações esperamos conectar o universo urbano com rios e mares. Muito passa por novas formas de consumo e responsabilidades de empresas e governos. Mas tudo isso só é possível quando sabemos e entendemos o problema. Tornar o tema acessível para mais pessoas, com linguagens atraentes e convidativas para ação, é o que pensamos nesta edição”, diz Paulina.
Para Fernando Costa Netto, os números do impacto do plástico no meio ambiente são tão impressionantes que fazer um chamamento à fotografia brasileira foi uma decisão natural. “Vamos seguir usando os nossos canais para pressionar as empresas e denunciar.”
Entre os fotógrafos convidados, profissionais que usam também sua fotografia como instrumento de denúncia: Alê Ruaro, Andréa Barreiro, Apu Gomes, Barbara Veiga, Cássio Vasconcellos, Coletivo Rolê, Cris Veit, Diego Nigro, Doug Monteiro, Eduardo Leal, Família Schürman, Henrique Tarricone, Justin Hofman/National Geographic, Kátia Carvalho, Levi Bianco, Luciano Candisani, Luisa Dörr, Luiza Sampaio, Marcos Piffer, Michele Roth, Nathalie Bohm, Raphael Alves, Renato Negrão, Renato Stockler, Rodrigo Koraicho, Rodrigo Tomzhinsky/FAS e Yan Boechat.
LOCAIS EXPOSITIVOS
Floricultura A Bela do Dia, sorveteria Pinguina, restaurante Banana Verde, lojas Arteira, basico.com, Fernanda Yamamoto, Flávia Aranha, Juliana Bicudo, Prototype e Uma, mercado Casa Orgânico, mecânica Tório, livraria Casa Plana, espaços Civi-co, Chá de Rabiscos e Casulo Colab, Ecoótica, doceria Bolo da Madre, Centro Articular, bares Bar do Beco e Cazu, DOC Galeria, EBAC – Escola Britânica de Artes Criativas, entre outros espaços como tapumes e muros.
A FOTOGRAFIA POR UMA CAUSA por Fernando Costa Netto
Duas pesquisas – uma inglesa, outra austríaca – apontam que o organismo humano já apresenta traços de plástico no sangue. Ele invade o nosso corpo pela cadeia alimentar e pelos resíduos que se desprendem das embalagens, especialmente as de água, refrigerantes e sucos. As consequências em longo prazo e o que isso significa saberemos lá na frente. Outra informação relevante mostra que o microplástico, além de já ter contaminado os oceanos, também alcançou pontos improváveis do planeta, como os Pirineus, montanhas isoladas a 1.500 metros de altitude entre França e Espanha, quilômetros do povoado mais próximo. E pior, em doses semelhantes às das grandes cidades. Um terceiro dado que está mais para roteiro de filme de ficção tem como cenário o Oceano Pacífico. Há algumas semanas, uma expedição americana ao fundo do mar, às águas mais profundas já visitadas pelo homem, avistou sacolas e embalagens de balas a 11 mil quilômetros da superfície. Flutuavam desrespeitosamente avizinhadas a peixes de profundezas e outros seres que nem sequer conhecemos. Os dados da invasão plástica do planeta são alarmantes.
Esta Mostra traz mais uma vez para a Vila Madalena imagens e dados que merecem reflexão. Mas, desta vez, voltados para uma causa, a do lixo plástico. Um dos trabalhos que mais chama atenção é sobre o lixo internacional. Garrafas PET, embalagens de suco e desinfetante, um pote de sopa e outros cadáveres plásticos que vieram de países como Japão, EUA, Jordânia, Senegal, Malásia repousavam da longa jornada à deriva nas areias das praias de fora de Fernando de Noronha. Não saberemos nunca se vieram com as correntes de seus países de origem ou se foram descartados de embarcações em alto-mar. Mas estavam lá, para permanecerem no nosso território por pelo menos 400 anos.
As empresas mais poluidoras do mundo têm nome, endereço e são grandes conhecidas de todos nós. Estão à disposição via Google. São grupos econômicos responsáveis por mortes em larga escala e destruição acelerada do planeta. Para se ter uma ideia, só no Brasil, quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, são 2 milhões e meio de toneladas jogadas nos 8 mil quilômetros de costa todos os anos, e só pouco mais de 1% desse material é reciclado, de acordo com a WWF Brasil.
O poder da indústria ainda é forte, mas o monitoramento de organizações apoiadoras deste evento, como a ONU Meio Ambiente, WWF e FAS (Fundação Amazonas Sustentável), alerta: ou mudamos o hábito ou as cidades e mananciais em breve estarão esgotados. Afirmação desoladora é a de que em 10 anos a expectativa da indústria é dobrar a atual produção.
Em 2019, colocamos essa causa para guiar o nosso trabalho. As quase 30 exposições, mesas de conversas e outras atividades têm foco nesse problemão. O plástico descartável tornou-se uma mercadoria delinquente que precisa ser acompanhada, controlada e combatida. Ao mesmo tempo que mata, é disponibilizada nas prateleiras em embalagens cheias de design, mensagens fofas, divertidas, inteligentes.
Agradecemos a todos que estão dividindo conhecimento e responsabilidade nesta empreitada com a gente. Em especial, o vereador Xexéu Tripoli, que dedica o primeiro mandato na Câmara dos Vereadores de São Paulo para estudar e colocar na pauta da Casa o tema, e Paulina Chamorro, jornalista e importante voz ambiental do Brasil, uma das curadoras da 9ª Mostra.
Para nós, é um privilégio promover este debate, tão urgente quanto inédito em uma Mostra Nacional de Fotografia.
PROGRAMAÇÃO DO CICLO DE CONVERSAS + CAMINHADA FOTOGRÁFICA.
AGENDE-SE. PARTICIPE.
ATIVIDADES GRATUITAS.
1. PARAÍSOS PLASTIFICADOS
Fernando de Noronha vista pela lupa do lixo plástico revela que nem os paraísos estão livres.
Data: 05/07
Local: Civi.Co. R. Dr. Virgilio de Carvalho, Pinto, 445, Pinheiros.
Convidados: Michele Roth, Luiza Sampaio e Doug Monteiro (fotógrafos ativistas de Fernando de Noronha)
2. VOZ DOS OCEANOS
A nova aventura da Família Schurmann, que há mais de três décadas viaja pelos mares do mundo.
Data: 10/07
Local: Civi.Co. R. Dr. Virgilio de Carvalho, Pinto, 445, Pinheiros.
Convidados: Família Schurmann
3. RIOS – ESPELHOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA
Assim como os mares, os rios brasileiros também sofrem com aa contaminação plástica. Nessa mesa, vamos ouvir o ativista Eduardo Srur contando sobre outras formas de abordar o tema, o fotógrafo Carlos Alkmim e seu olhar para os rios paulistas, além das ONGs que trabalham
diretamente com rios no Brasil: SOS Mata Atlântica, que há décadas tem o projeto “Rede das Águas”, e FAS (Fundação Amazonas Sustentável), que participa da campanha “Mares Limpos” com o projeto fotográfico “Rios Limpos”, da ONU Meio Ambiente.
Data:12/07
Local: Civi.co. R. Dr. Virgilio de Carvalho, Pinto, 445, Pinheiros.
Convidados: Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica; Eduardo Srur; FAZ; Carlos Alkim, fotógrafo.
4. CAMINHADA RIOS E RUAS
Um passeio ao longo do leito do Rio Verde, que corta a Vila Madalena sob o asfalto, promove o reconhecimento da nossa cidade, conscientiza e aguça a nossa imaginação. A caminhada será conduzida pelos especialistas em hidrografia paulista, o arquiteto José Bueno e o geógrafo Luiz de Campos Júnior, pelos curadores da 9ª Mostra Paulina Chamorro e Fernando Costa Netto.
Data: 13/07, a partir das 10h30
Local: Saída do Bar do Beco, R. Aspicuelta, 17, Vila Madalena.
5. PRAIAS E O PLÁSTICO – UMA CHAMADA PARA AÇÃO
Itens plásticos são os principais objetos encontrados em mutirões de limpeza de praias pelo mundo. No Brasil não é diferente. Nessa mesa, vamos conhecer a campanha global da ONU Meio Ambiente, “Mares Limpos”, e da Ecosurf, um dos mais reconhecidos projetos de limpeza de praia do país.
Data: 20/07
Local: a definir
Convidados: João Malavolta, da Ecosurf; representante da campanha “Mares Limpos” da ONU Meio Ambiente; Gabriela Otero, representante Abrelpe; Representante ABRE – Associação de Embalagens
6. ECONOMIA CIRCULAR E OUTRAS SOLUÇÕES PARA AS CIDADES
Trabalhar com soluções frente ao problema do lixo plástico nas cidades passa pela economia circular. Vamos conhecer a origem dessa nova forma de pensar resíduos e de que forma São Paulo está enfrentando o problema.
Data: 18/07
Local: EBAC – Escola Britânica de Artes Criativas. R. Mourato Coelho, 1404, Vila Madalena.
Convidados: Guilherme Brammer, da Boomera; Daniela Lerario, da Triciclos, Thaide, artista
7. PLÁSTICO PELO MUNDO
A WWF-Brasil apresenta os dados do seu principal relatório sobre o plástico no mundo + conversa entre a jornalista Paulina Chamorro e o premiado fotógrafo da National Geographic Luciano Candisani.
Data: 25/07
Local: EBAC. R. Mourato Coelho, 1404, Vila Madalena.
Convidados: Luciano Candisani; Anna Carolina Lobo, gerente do programa Mata Atlântica & Marinho do WWF-Brasil.
Informações para imprensa
Mercedes Tristão – NAMÍDIA Comunicação
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